Por um instante, pensei. E quando pensei, me perdi. Tudo tão certo, tão equilibrado, voltando a funcionar aos poucos, com aquela calma da qual nunca deveria ter saído.
E aí, penso. E quando penso, me perco.
Idéias que já não estavam mais na mente resolveram voltar, algo meio rápido, meio sem sentir. E lá estava eu, de novo, pensando, me perdendo.
A chuva que cai só deixa o dia mais cinza e mais nostálgico. Andar num dia assim, é pensar.
E quando penso, me perco.
Agora subindo a passarela, guarda-chuva em punho, tentando vencer logo os últimos metros e pegar o próximo trem. Quem sabe desse jeito eu me concentro em outras coisas e não penso.
E quando penso, me perco.
Tarde demais para concluir o que é óbvio. Cedo demais para achar que tudo passou. Tempo demais para achar que é aquilo que nunca foi. Chuva demais para conseguir andar tranqüilo. Proteção demais para umas gotinhas de água caindo do céu.
Demais, demais, demais. Ando pensando demais demais. E sempre que penso, me perco.
Já foi muito mais forte do que eu. Já escapou ao controle; hoje tudo é mais simples, mais fácil, mas ainda assim...é.
Estação. Aqui fica tudo mais difícil, as lembranças são mais fortes. Sempre que lembro, penso. E quando penso...
Lá está. Finalmente. Gotinhas de água da chuva, no chão da estação, em frente à escada, embaixo da lixeira. Hum. Muitas gotinhas de água. Estão quase formando uma poça. Ei, o que será que acontece com as poças de água da estação do metrô, hein? O que será delas daqui a algumas horas, ou dias (anda chovendo muito), quando a chuva parar? Será que vai vir alguém e escorregar, levando um daqueles tombos cinematográficos? Ou será que a pessoa encarregada da limpeza do metrô vai vir aqui e enxugar tudo, e a água vai parar num rodo? Ou ainda, será que vai vir um cachorro e lamber tudo?
Descendo a escada, constato: o próximo trem acaba de se tornar o último. Haja calma para esperar pelo próximo. Haja mesmo.
Um giro pela estação, já que não tenho nada para fazer, e não quero pensar. Vocês sabem o que acontece sempre que eu penso.
Lá do outro lado, está o muro da estação. Tem um bem na minha frente, do lado onde o próximo trem vai parar, mas eu quero olhar o outro lado.
Todo molhado na parte de cima...mas é engraçado, só na parte de cima. Mais embaixo, parece seco. Como se a água não escorresse, sei lá.
Me encosto a uma quina da parede da estação. Haja calma. E mais uma vez, começo a pensar de novo. Isso já tá ficando chato. Já deu.
Só que...quem disse que consigo controlar? Lá estou eu de novo, pensando.
E sempre que penso...
Olho para um ponto da estação, lá no fundo, no trilho desativado do meio. E lá adiante, está chegando o próximo trem, fazendo aquele barulho engraçado que o metrô faz quando tá chegando.
Esse é o próximo trem...e já tá mais do que na hora de embarcar.
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