Monday, July 18, 2005

O avesso da festa

O lugar está basicamente deserto. Só o porteiro. Não preciso temer.
Aperto o botão do elevador e espero alguns instantes. Quando ele chega, eu entro. Aperto o botão do andar, a porta se fecha, e o elevador segue o seu destino.
Chega ao destino, a porta se abre novamente. De longe, escuto o barulho da música vibrante, das pessoas se mexendo freneticamente, em movimentos ritmados. O chão está cheio de latas de cerveja, totalmente inundado pela mesma; esse estranho líquido amarelo, que ninguém lembra como começou a beber, não sabe porque bebe e não sabe quando vai parar. Ninguém também sabe como tanta cerveja foi parar no chão.
A festa pulsa: as pessoas conversam, falam, se mexem, riem, caem de bêbadas, esmurram a porta do banheiro querendo mijar, falam merda, xingam, mandam os outros para vários lugares, chegam nas outras, beijam, colam, ficam junto, dançam, falam da própria vida, quem sabe, fazem planos para o futuro.
Estou fora de toda essa pulsação.
Fora, totalmente fora. Estou observando a festa de fora, amassando as latas de cerveja no chão, chutando-as a um canto, perseguindo os conhecidos, tentando manter um contato verbal, que seja. Mas é inútil. Não faço parte dessa pulsação. Aqui não é meu mundo, esse não é meu lugar, essas não são as minhas ações. Não esmurro porta de banheiro, não sou de xingar, não sou de beber líquido amarelo desesperadamente, não sou...não sou de conversar com quem eu não conheço, nem de levar uma conversa mais além. Sabe-se lá porque.
Como reação óbvia, me afasto de tudo isso. Vou embora, sigo pro outro lado do lugar, onde não tem ninguém. Aqui o silêncio impera; o barulho da festa ficou longe, distante, apenas alguns ecos.
Lá embaixo, a rua. Lá em cima, as estrelas.
A vida real não é a ficção. Se isso fosse um filme, talvez eu perguntasse às estrelas qual o meu problema, e no instante seguinte, saberia a resposta. Ou ela viria por trás de mim, ou passaria pela minha frente.
Mas isso não é um filme. Ainda assim, eu pergunto. Como já era de se esperar, não tenho resposta. E fico dizendo “seu imbecil, isso não é um filme, a poesia está no que se vê do céu, mas não está na pergunta, nem na resposta, simplesmente porque essas...não existem de fato”.
E sento no chão, e dá vontade de chorar. E eu digo “que merda, eu sou o último, o último, tenho problema e não sei qual é. Ou não tenho e fico tentando arrumar um. Foda-se, na prática é a mesma coisa., o resultado é o mesmo: permaneço aqui, estático, e não avanço. E o mundo é sempre um lugar à parte. E eu não sei mais o que fazer. E chorar não adianta, mas meus instintos falam mais alto.”
Só que o céu não é estrelado, nem escuro. Muito pelo contrário: o sol está bem alto no céu, e o dia é de um céu azul de brigadeiro, com algumas nuvenzinhas aqui e ali. E há passarinhos voando, e pessoas circulando na rua.
E continuo triste.
A festa vive para sempre. Eu não.

O vazio do quarto/É o avesso da festa/É o avesso do vício/De te namorar...
Vou sair por aí/Meu amor vamos nessa/Que o tempo/Não espera/A vida passar

Daniela Mercury, “Vem Morar Comigo”

Monday, July 11, 2005

Depois da dinâmica, vem a negativa...

Nesta primeira fase, optamos por outros estudantes com o perfil mais próximo do que estamos buscando. No entanto, outras oportunidades surgirão, pois a emrpresa está só começando.
Manterei seu currículo em nosso banco de dados, visando futuras oportunidades.

Eu já ouvi essa frase em algum lugar.
Parece até um padrão – todos seguem a mesma idéia. Não se dão nem ao trabalho de mudar um pouquinho o texto...
Podiam escrever algo como “olha só, você é muito feio, e por isso não foi aprovado”. Ou quem sabe, “você ainda está muito novinho, volta daqui a uns três anos”. Ou então “ah, gostei mais do fulano de tal, ele me disse uma frase bonita no telefone e escreve muito bem, e por isso eu o chamei”.
Tá, não foi engraçado.
Não fiquei chateado, nem triste. Já ouviram aquela história de que uma vez um certo editor de jornal mandou embora Walt Disney, dizendo que ele não tinha criatividade? Que o Flamengo dispensou o Ronaldo (o que não é Gaúcho) depois de um teste de rotina? Que o Einstein foi reprovado no colégio?
Tá, não chego nem perto desses três caras, mas tenho o meu valor, e sei disso. Sigo em frente, olhando o futuro e buscando novas oportunidades. Modéstia à parte, a empresa “que está começando” jogou fora um grande talento. Desperdiçou a chance de começar com um profissional que está começando, não tem padrão nem pre-conceitos, e se esforça muito mais para aprender e fazer certo do que um que já está trabalhando há algum tempo.
Perderam uma boa oportunidade.
Eu também. Mas eu terei outras. Eles, não sei. Ao menos comigo.

O que não falta nesse país é trabalho...

Chuva de textos no “Pathos”, hehe...

Uma vez vi um comercial tão bonito, que me marcou. Queria dividir com vocês, meus amados 5 leitores...
Começa com a câmera focando um jornal, e várias notícias. E a musiquinha de fundo... (se alguém já tiver visto e puder corrigir a musiquinha, eu agradeço...)

“Quero ser engenheiro e construir um país melhor...
Quero ser economista e não entrar pruma CPI...
Quero ser estilista e colocar o Brasil na moda...

O que não falta nesse país é trabalho...

Quero ser advogado fazer direito e não errado...
Quero ser jornalista e escrever pruma grande revista dizendo que o país mudou...

O que não falta nesse pais é trabalho...

Nesse momento, a câmera se afasta do jornal, mostrando que ele serve de cobertor a um mendigo, que está deitado num banco de praça.

O que não falta...é trabalho...”


Vou continuar a musiquinha. Quem quiser completar, escreve um comentário...quem tiver uma idéia melhor, pode escrever tb...

“Quero ser médico e tirar o Brasil da UTI...
Quero ser nutricionista e deixar o Brasil bem alimentado...
Quero ser psicólogo e tirar o país do divã...

O que não falta nesse país é trabalho...”


Não precisa ser necessariamente relativo ao país (é só ver o verso do economista), mas, de preferência, algo positivo...
Abraço!

Saturday, July 09, 2005

Uma imagem vale mais que mil palavras





Só uma pequena legenda...
Do lado esquerdo, uma data não precisa, mas pelo papel no quadro de avisos, é 2004. Do lado direito, Abril de 2005. Dois momentos tão desejados, separados apenas por uma boa dose de força de vontade.
Ê vida!