Instantigrafia
Sentado num banco, em algum lugar do lado de fora da construção cinza, observando o céu lá longe, as montanhas se perdendo no infinito, aquela visão poética da natureza, um pombo passando na frente, uma nuvem deslizando, um avião lá longe.
“Porque a vida me fez passar por todos esses problemas?”
Olha para baixo, observando a construção em arco, os bancos lá embaixo, o palco distante, e vendo as luzes e os sons daquele outro dia. E as coisas ecoam na memória, e o tempo parece voltar, e parece vir de novo...
“Porque será que tudo teve que acabar assim? Será meu destino eterno, que tudo o que for ‘primeiro’ tem que ir embora, e me deixar pensando sobre o que aconteceu, e me preparando pra próxima?”
Agora caminhando pelo amplo espaço.
“Cheio demais. Fique vazio...”
As pessoas somem, e também os carros; agora o espaço é livre para caminhadas, enquanto reflete. Nenhum obstáculo pode incomodar...nada pode estar no caminho...
“Ah, porque será que eu não consigo? O que será que falta? Mas porque falta, como falta, se falta, e de que jeito pode não faltar?”
Alguém aparece.
“Cale a boca e tente, ao invés de pensar.”
A irritação sobe, enquanto alguém some.
Alguém aparece.
“Me disseram que penso muito e não tento.”
“Bah, não deixam de estar certos...”
A irritação atinge um ápice, enquanto alguém some.
“Merda. Merda. O que vai ser de mim amanhã? Ah sei lá que se dane! Mas e se eu fiz errado? Porra, vai à merda, se fez já fez. Mas pode comprometer o futuro...sim e daí, foda-se, se comprometer já era, comprometeu...”
Deixou o prédio cinza e tudo mais pra trás.
No comments:
Post a Comment