Friday, November 27, 2009

Duvida

A dúvida o torturava.

Era como uma fagulha enfiada em sua cabeça, latejando, doendo, incomodando.

Vinha assim há dias, semanas, meses. O que fazer? Como fazer? O que dizer? Afinal, o que significava tudo aquilo? Como não pensar naquilo? Como não dar àquilo mais importância do que realmente tinha?

Não sabia. Se esforçava, lutava, procurava entender, mas não conseguia. E quando ele menos esperava, lá estava ela de novo, incomodando. Aumentavam aos poucos as dificuldades para se concentrar.

Tentava se distrair, mas era pior. Não entendia, não sabia como, não conseguia ver, perceber, enxergar. Tinha a sensação de que já conhecia o caminho, sabia por onde ir ou não ir, mas mesmo assim insistia na parte mais difícil, no pior atalho.

O que fazer? Como fazer? O que dizer? E o que não dizer? E se tentasse algo diferente? E se ficasse calado? E se não dissesse nada? E se agisse mal? E se algo acontecesse? E se algo não acontecesse?

Tentava relaxar, brincar, esquecer, mas era impossível. Às vezes se pegava olhando para si mesmo e dizia...afinal, quem sou eu? Esse sou eu? Por que de repente eu ajo desse jeito? E por que passo o tempo me perguntando as coisas? E por que não mudo? E por que o tempo passa e eu continuo o mesmo?

Às vezes sentia vontade de chorar, botar tudo para fora. Em outras, não sabia se isso era o mais certo, o mais indicado, se estava agindo bem...às vezes se sentia como uma criança mimada, que diante da dúvida, da dificuldade, começava a chorar e reclamar...

Às vezes se sentia mal por se fazer tantas perguntas, achar tantas dificuldades, viver de forma tão intensa. Tinha vontade de mudar, mas aí se perguntava: devo mudar? Devo me transformar? Em que, por que e para que? De que forma? E se vou para algum lugar, para onde, como, por que, para que e de que forma?

Não sabia, não sabia, não entendia, não conseguia ver o porque...mesmo que ele estivesse na sua frente...não aceitava, continuava duvidando, perguntando, questionando, indagando...

Como a dúvida era fria e cruel. Mas, às vezes, ele se perguntava...

...será que era dúvida mesmo?

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