Monday, November 09, 2009

Algo sobre o Leblon

Leblon.

Meu bairro já não parece mais o mesmo. Não sei o que mudou nele, ou talvez em mim. Mas meus passos são mais firmes agora, seja lá o que isso signifique.

Essas ruas nunca pareceram tão iluminadas, nem tão largas. Ao mesmo tempo, aqui ainda é possível ouvir um pouco do silêncio, fugir da sensação de cidade grande, nem que seja por míseros dez segundos. Se tempo é dinheiro, cada segundo vale muito, muito...

A música nos ouvidos não permite que se pense demais, nem que o silêncio seja maior do que alguns segundos. O som relaxa, distrai, faz esquecer. A vontade que tenho é cantar junto, mas tenho que lembrar sempre de controlar o movimento da boca e perceber se estou cantando alto demais. Mais maluco do que o costume é algo que não pretendo parecer.

Ou talvez não. Que talvez se danem essas pessoas que, ao ver a boca mexendo, me lancem olhares recriminatórios, de censura, duros, frios, como que me mandando ficar quieto. Odeio olhar de censura. Não sei porque todos me vêem desse jeito. Será que não é normal alguém pensar alto, cantar alto?

Às vezes tento prender as ideias na cabeça, mas é muita coisa. Preciso falar, dizer. E nem sempre escolho os melhores locais para isso. Sim, não devo lá ser muito normal...muito menos por escrever um texto sobre isso...

Os passos seguem tranquilos e firmes, andando pelo Leblon, alguma coisa meio sem rumo, sem norte, mas ao mesmo tempo, com um objetivo bem claro. E lá vai a música. E o carro que passou. E mais alguém com um cachorro. E o brilho do sol que passa pelas árvores e ilumina os prédios.

Não sei porque tanto cinza, tanto preto. Às vezes me sinto em uma selva de concreto (onde foi que já li isso?). Há algo que me incomoda em tudo isso. Meu bairro mudou, perdeu o ar bucólico de alguns textos atrás. Tampouco tem as sombras, o silêncio e o vento da madrugada. Agora parece simplesmente um caminho pelo qual sigo para chegar em casa.

Onde estarão a poesia e a prosa perdidas? E aquele olhar bonito, plástico? E as livrarias? E sim, a praia, sempre ela...não, não ela, não aqui, não agora.

Não agora.

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