Hum...minha cama não é mais tão macia quanto antes.
Abro os olhos devagar e olho o relógio: uma e meia da madrugada. Lá fora, o vento assobia alto; a noite é úmida e fria.
Me viro na cama, tentando dormir; são quase vinte minutos sem sucesso algum. Perco a paciência, enfim; me levanto e vou até a janela, quem sabe estou tenso, se eu relaxar um pouco...
O vento continua assobiando, parece estar zombando de mim. Ou talvez não, talvez ele queira apenas me assustar, para que eu corra desesperado para debaixo das cobertas e fique lá, tremendo, enquanto o sono vem naturalmente.
Volto para a cama. Resolvo desligar o relógio, quem sabe assim eu consiga dormir. Começo a me virar de um lado para o outro, mil pensamentos fervilhando na cabeça: idéias, tristezas, mágoas, saudade. Tudo junto, tudo misturado, num “bolo mental” que parece fechar a porta da minha mente toda vez que o sono bate: toc, toc, toc.
A irritação vem em seguida, e só não é pior porque estou cansado demais para reações muito enérgicas. Sem contar que não ia adiantar. Jogar o travesseiro longe, por exemplo, não me ajuda a dormir. Me alivia no momento, mas é só, no instante seguinte vou precisar de mais alguma coisa para me aliviar. Se cada vez que quiser um alívio eu tacar alguma coisa, não vai sobrar m**** alguma no quarto.
Angústia, incertezas, medo, saudade, mágoa, sensação de traição, tudo junto, tudo vem reforçar o “bolo mental”. Deve ser quatro da manhã e continuo rolando na cama, sem dormir. Não quero ler nada, simplesmente não tenho paciência nem disposição para isso; quero dormir. Quero dormir. Quero dormir. Quero dormir...
O tempo continua passando. O sono também vai passando, mas bem longe de mim. Meu corpo exige descanso, mas a mente impede que o sono chegue. Rolo na cama, de um lado para o outro; me cubro, me descubro, me cubro, me descubro, me cubro, me descubro e aí acabo descobrindo que isso não ajuda a dormir.
Poderia levantar e beber leite, mas não acredito que leite ajude a dormir; portanto, continuo deitado, rolando na cama. Três minutos depois, começo a achar que tudo é válido, afinal não custa tentar. Mas cadê as forças pra ficar de pé depois de quase quatro horas em claro?
O vento já parou de uivar; deve ter ido lá naquele lugar onde faz a curva, e aí, quem sabe, pôde descansar um pouco. A mente trabalha continuamente. Merda. Isso não é hora de a mente trabalhar!
Tento dizer isso pra mente, que não quer aceitar. Quer que eu resolva tudo logo, afinal, se não resolver, não tenho ânimo. É fo...go, eu preciso, eu quero, EU TENHO QUE DORMIR. Mas eu simplesmente NÃO CONSIGO!
Os primeiros raios de sol atravessam a janela; devem ser seis da manhã. Tenho que levantar, preciso levantar, está na hora. Não, hoje não vou, vou ficar dormindo.
Não dá, o corpo não obedece a nenhum dos dois comandos. Está exausto pela falta de descanso, e ao mesmo tempo, não consegue descansar.
É impossível ficar de pé e mais impossível ainda ficar deitado. Merda. Será que consigo ficar sentado?
Tento. Caio de volta na cama, deitado, imóvel. Meu corpo trabalha a mil por hora, e ao mesmo tempo, pede descanso.
O desespero é tamanho que eu GRITO, GRITO, GRITO, GRITO, com toda a força dos pulmões...
Acordo.
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