Ligou o estabilizador, a torre, a tela. Lentamente, as luzinhas do computador se acenderam, iniciando o programa.
Com tudo carregado, ele clicou no ícone da internet, digitou seu endereço de e-mail e esperou pela resposta do servidor.
Digitou nome, senha e entrou no e-mail.
Lá estava a mensagem. Enfim, um sinal de vida. Clicou uma vez.
Leu.
Não acreditou.
Leu de novo.
O golpe parecia doer mais do que ele queria admitir. Continuava sem acreditar. Como ela tinha coragem?
Leu uma terceira vez.
Continuava meio sem acreditar. Como num instinto, fechou o e-mail no “x” no alto da tela, encerrando o programa todo.
Levantou da cadeira ainda meio tonto, sem saber muito bem o que fazer. Tentou andar pelo quarto, mas num instante, tudo parecia girar, como se estivesse fora do lugar.
Voltou à cadeira, abriu de novo o e-mail, leu a mensagem uma quarta vez.
Irritado, deu um soco na mesa, fechei o e-mail de novo. Ficou de pé. Não conseguiu e sentou.
Aos poucos, o olhar foi se perdendo, como se ele olhasse para ontem. No lugar ao lado do computador, onde estava o ar-condicionado, pareceu se formar uma pequena tela. Ali passaram imagens dos dois, dos bons momentos, dos maus momentos.
Dos momentos estranhos, também. Da forma como ele pensava a situação. Do tempo que passou refletindo sobre o assunto. Dos dias que deixou de sair para imaginar como seriam as coisas...
Queria chorar, mas ao mesmo tempo, não queria. Achava que não valia a pena. Mas, ao mesmo tempo, tinha certeza de que valia.
Era o fim, é claro. Agora era tarde – e não só porque passava da meia-noite. Muito tarde, aliás.
Ele jamais poderia esperar algo assim depois de um dia tão bom, de tudo o que havia acontecido. Pensava em culpar sua sorte, mas sabia que, por ser quem era, jamais poderia fazer isso.
Como que acordando do transe, ficou de pé. Aos poucos, o quarto voltou ao foco, as coisas já não giravam mais.
O olho bateu na janela, e lá fora, no dia lindo que fazia.
Calçou o sapato e saiu para dar uma volta.
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