Friday, February 05, 2010

"A mesa e a janela" ou "Devaneios"

Há quanto tempo sentei nessa mesa, junto da janela, pela última vez?

Hum...pensando bem...lá se vão...três anos e meio.

Cheguei há quatro. No início, era comum sentar aqui. O tempo sobrava, a rotina permitia, havia espaço, tempo, vontade.

Engraçado. Quando lembro do tempo em que ficava nessa mesa, tenho a impressão que o relógio seguia devagar, lento, os ponteiros demoravam a girar, as semanas se arrastavam, os meses não acabavam.

De repente, tudo mudou.

Os ponteiros começaram a voar, o tempo ficou curto, as responsabilidades aumentaram. Corria de um lado para outro, passava o dia inteiro ocupado, raros eram os momentos de tempo.

Não dava tempo nem de sentar aqui. Mal conseguia comer...

Depois, tudo mudou de novo. Mas meu ritmo já era veloz, rápido, frenético, e nunca mais me sentei aqui.

Hoje achei tempo.

Engraçado. Essa caixa de metal esteve sempre nesse mesmo lugar, lá fora, no parapeito da janela? Que coisa. Tinha a sensação que dava para ver mais a rua, as pessoas passando, essa casa velha - porém conservada - no meio dos prédios, o sinal de trânsito lá longe.

Esse sinal, também. Ele não era mais perto? E não era mais escuro? Teria sido pintado de branco nesse meio-tempo? E quem mais se ligaria em tantos detalhes?

Mas algo não mudou - esse quadro na parede, alguns palmos acima da cabeça, em frente ao local onde estou sentado. Sim, tenho certeza que é o mesmo quadro, o mesmo desenho.

A sensação, bem, essa também mudou. Antes havia uma ansiedade, uma expectativa, uma vontade de crescer, uma fé no futuro capaz de motivar qualquer um.

Pena que ainda não inventaram viagens a Netuno. Deve ser divertido. Ao menos, lá, as frustrações são outras.

Ou não, quem sabe. No planeta Plutão tem inflação?

Belo título de um livro infantil - e é, mesmo. Me lembro como se fosse hoje. Não, naquele tempo eu ainda não ficava nessa mesa. Na verdade, estava há alguns quilômetros de distância.

E penso no texto, e ele também mudou. Revela demais. Deixa de ser sobre uma mesa e passam a ser devaneios sobre outras coisas.

Mas aquilo que se tenta ocultar é o que mais aparece.

E que dia lindo está fazendo hoje. Sim, se não me engano, também fazia um dia lindo da última vez que estive aqui. Pronto, achei um elo de ligação.

Ou um outro texto...

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