Há algo de fascinante na "entrada" de Copacabana.
"Entrada", assim mesmo, entre aspas, porque é entrada para mim. É por onde eu entro em Copacabana vindo de Botafogo, no trajeto de todos os dias entre trabalho e casa.
Mas, esquecendo os detalhes, há algo de fascinante. Algo que não sei explicar muito bem o que é. Então, melhor nem tentar.
Diria que o trecho entre o Túnel Novo e a Praça Cardeal Arcoverde - a própria praça e mais um trechinho - tem algo de especial.
Tudo começa com o Túnel Novo, ou Túnel Coelho Cintra. Em um dia claro e de sol, o fascínio começa pela luz amarela do sol batendo nas paredes do túnel (na parte que ela chega...), mas, principalmente, do outro lado, formando uma imagem meio branca, meio amarela, meio enevoada, entre prédios, asfalto, carros, rua, a praia lá longe...
Num dia de chuva forte, é claro, não dá para ver nada. Já à noite, o fascínio é quase infantil, quase tolo, quando os olhos se perdem pelas luzinhas do teto do túnel, que parecem correr em alta velocidade pelo lado de fora do ônibus. E do outro lado, brilham as luzes da noite, as primeiras luzes de Copacabana, o sinal do meio do caminho.
Depois que o ônibus atravessa o túnel, chega a Copacabana. Chega em um pedaço pouco circulável, onde quase não vejo gente andando a pé. Praça Demétrio Ribeiro. Tenho uma curiosidade danada de andar a pé aqui, mesmo sabendo que não tem absolutamente nada demais.
E toda vez encaro a estátua do tal do Demétrio, que não sei quem é (político e educador gaúcho, diz a Wikipedia), mas que está sempre em pose de reverência, curvado, como que saudando quem chega.
Então, passamos pela Rua Prado Júnior e entramos na área dos bares. São três ou quatro, um atrás do outro, ali, antes da Rua Belford Roxo, na Barata Ribeiro. Aqui já há gente circulando. É quase como se fosse um oásis no meio do deserto.
Essa é a área mais fascinante, junto com o túnel. Os prédios antigos, o jeitão apressado de um bairro calmo, gente andando nas ruas, movimento, e ao mesmo tempo, uma sensação de paz, de calma, que é ainda maior à tarde, com o sol batendo nas grades, nos muros, nas paredes.
Já devo ter sonhado umas duas vezes com esse lugar. Inexplicável.
Por fim, o ônibus avança, entra em uma área meio mórbida da Barata Ribeiro, onde parece que é sempre noite, há pouca luz e quase não vejo gente circulando. Aqui tem uma loja das Casas Fernandes que me lembra um comercial da própria loja, que via quando era pequeno, com meu pai, e que era engraçado (o comercial, não meu pai).
Mas não tenho a menor ideia sobre o que era.
Está acabando, a área fascinante vai chegando ao fim. O ônibus vira à direita na Praça Cardeal Arcoverde e entra na Rua Tonelero. Os prédios já são mais modernos. Essa área já é mais histórica...foi aqui, na Rua Otaviano Hudson, que nasceu a Bossa Nova.
As luzes já são mais intensas, e depois de passar por um colégio e por um restaurante, cruzamos a Rua Marechal Mascarenhas de Morais.
E aqui termina a "entrada" de Copacabana...
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