Tuesday, July 11, 2006

Diário de um quase jornalista: O sonho muda, mas não morre

Diário de um quase-jornalista: Sonho jornalístico é assim, muda mas não morre
Em minha mente - terrível quando se trata de formular teorias que não terão muita utilidade no dia seguinte - penso agora sobre o nobre ofício de jornalista, sobre as armadilhas e "coisas da profissão". E digo que cheguei a essa conclusão num dia ensolarado, no meio da redação, no meio do expediente, e parei para escrever. Nenhuma matéria ou trabalho ficará adiada por conta de quinze minutos escrevendo.
Escrevendo. Foi assim que tudo começou para mim, há quase...doze anos e lá vai fumaça. Escrevia tudo, até o que não se podia escrever. Escrevi para não falar sozinho. Foram várias fases de escrita: histórias bizarras sobre Cavaleiros do Zodíaco (uma verdadeira febre em 1994), contos de heróis, resumo de jogos de videogame que nunca existiram (e nunca vão existir), histórias de detetives que não tinham fim, nem começo, nem personagens, e por fim, com meu tempo já escasso, escrevi alguns contos medievais, algo meio "O Senhor dos Anéis". De tanto escrever e de tanto que me fazia bem, decidi que não queria fazer outra coisa na vida...
E fui estudar jornalismo. Achei que tinha mais a ver do que Letras, é sempre aquela coisa...Letras parece faculdade de quem vai dar aula, e eu não queria isso. Não demorei a descobrir que jornalismo não é só escrita, e que não escreveria para sempre, não viveria escrevendo. Jornalismo, antes de tudo, é apuração, porque é ela quem monta e organiza seu texto: os fatos mais curiosos, engraçados, importantes, vão para a parte de cima, para atrair um leitor disperso - o atento sempre, ou quase sempre, lê tudo. A escrita é toda organizada pelas informações, é meio presa, amarrada. Para completar, limita-se a um espaço pequeno, onde tudo precisa estar muito claro mas pouca coisa pode ficar subentendida. Isso, no jornalismo escrito - nos meios radiofônicos e televisivos, nem se fala, escrever apenas organiza a informação para ser veiculada através da voz e da imagem.
Isso me decepcionou? Não. Descobri que apurar, por mais difícil que seja, é interessante. E que encontrar soluções criativas para organizar bem as informações também é interessante. Descobri que encontrar boas histórias e bons personagens e escrever muito bem sobre um fato teoricamente banal, também é interessante. Troquei meu sonho por outro: quero viver descobrindo boas histórias, e contando-as da melhor forma que puder, da maneira sempre mais completa possível. E continuarei escrevendo, "por fora", por puro e simples prazer. Como faço aqui no blog.
Ossos deste nem-sempre-tão-nobre ofício.

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