Sunday, October 16, 2005

Jovem pensa sobre felicidade sentado num banco de praça


A amigos, ele confessaria mais tarde: "O encosto do banco é extremamente incômodo"

Se sentou no banco de praça. Sim, aquele era um banco de praça, naquele estilo clássico, formado por placas de madeira.
Que engraçado, era um banco de praça. O que diabos estava fazendo numa portaria?
A hora não importa, mas deviam ser oito e quinze da noite. Olhou lá para fora, e não viu sinal do carro. Sendo assim, voltou os olhos para o relógio, e confirmou: oito e dezesseis.
Definitivamente, não estava bem.
O que era a felicidade, afinal, hein?
Seria um estado superior, que você é capaz de alcançar e não “descer” nunca mais? Engraçado, quando era criança, pensava mais ou menos desse jeito. Talvez porque vivesse num estado muito parecido, mesmo sem se dar conta disso.
Será que a felicidade eram os momentos bons da vida? Será que a felicidade estava em ter amigos, dinheiro, uma família, uma casa pra morar, ser bem sucedido profissionalmente e viver apenas os bons momentos?
Será que a felicidade era não se preocupar com definições, e viver apenas? Ou o contrário, será que a felicidade era ter todas as respostas e saber, através da experiência, resolver todos os problemas?
Certa vez, lera uma reportagem sobre felicidade. Uma pesquisa afirmava que o dinheiro não traz felicidade; que os americanos são um dos povos mais tristes e depressivos do mundo, enquanto os nigerianos, mesmo com toda a pobreza, eram o povo mais feliz do planeta.
É, disso já sabia. Vivera bastante, e percebera que havia muito mais coisas além do dinheiro.
Mas afinal, o que faltava para ser feliz? O que era felicidade, afinal?
Olhou para o relógio de novo: oito e dezenove. Lá fora, o farol do carro bateu no vidro, iluminando o interior da portaria. Ele chegara, finalmente.
Tirou a chave do bolso, abriu a porta e saiu.
Deu um abraço no pai, enquanto esboçou um sorriso fraco. Era o melhor que podia fazer.
Conversaram durante alguns minutos.
“Leve isso aqui”, disse o pai. “Entregue à sua avó. Diga que é presente meu.”
Se despediram. Ele abriu a porta e entrou na portaria, de novo, passando pelo velho banco de praça.
Mas o que um banco de praça fazia na portaria, hein?
Ao entregar o presente à avó, uma mensagem escrita no vidro de perfume chamou sua atenção.

“Às vezes, sabe o que falta para nossos sonhos darem certo? Começar.”

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