Alguém dúvida que teriam nomes mais ou menos assim?
Mangueira: Camisa Verde e Rosa
Salgueiro: Flor da Tijuca
Beija-Flor: Príncesinha de Nilópolis
Viradouro: Império do Barreto
Unidos da Tijuca: Pavão da Zona Norte
Porto da Pedra: Morro de São Gonçalo
União da Ilha: Cabeções da Ilha do Governador
Portela: Águia de Prata ou Paulo de Madureira
Vila Isabel: Nenê de Vila Isabel
Grande Rio: Entorno da Cidade
Mocidade: X-9 de Padre Miguel
Imperatriz: Coroa Verde e Branca
Thursday, February 18, 2010
Friday, February 05, 2010
A entrada de Copacabana
Há algo de fascinante na "entrada" de Copacabana.
"Entrada", assim mesmo, entre aspas, porque é entrada para mim. É por onde eu entro em Copacabana vindo de Botafogo, no trajeto de todos os dias entre trabalho e casa.
Mas, esquecendo os detalhes, há algo de fascinante. Algo que não sei explicar muito bem o que é. Então, melhor nem tentar.
Diria que o trecho entre o Túnel Novo e a Praça Cardeal Arcoverde - a própria praça e mais um trechinho - tem algo de especial.
Tudo começa com o Túnel Novo, ou Túnel Coelho Cintra. Em um dia claro e de sol, o fascínio começa pela luz amarela do sol batendo nas paredes do túnel (na parte que ela chega...), mas, principalmente, do outro lado, formando uma imagem meio branca, meio amarela, meio enevoada, entre prédios, asfalto, carros, rua, a praia lá longe...
Num dia de chuva forte, é claro, não dá para ver nada. Já à noite, o fascínio é quase infantil, quase tolo, quando os olhos se perdem pelas luzinhas do teto do túnel, que parecem correr em alta velocidade pelo lado de fora do ônibus. E do outro lado, brilham as luzes da noite, as primeiras luzes de Copacabana, o sinal do meio do caminho.
Depois que o ônibus atravessa o túnel, chega a Copacabana. Chega em um pedaço pouco circulável, onde quase não vejo gente andando a pé. Praça Demétrio Ribeiro. Tenho uma curiosidade danada de andar a pé aqui, mesmo sabendo que não tem absolutamente nada demais.
E toda vez encaro a estátua do tal do Demétrio, que não sei quem é (político e educador gaúcho, diz a Wikipedia), mas que está sempre em pose de reverência, curvado, como que saudando quem chega.
Então, passamos pela Rua Prado Júnior e entramos na área dos bares. São três ou quatro, um atrás do outro, ali, antes da Rua Belford Roxo, na Barata Ribeiro. Aqui já há gente circulando. É quase como se fosse um oásis no meio do deserto.
Essa é a área mais fascinante, junto com o túnel. Os prédios antigos, o jeitão apressado de um bairro calmo, gente andando nas ruas, movimento, e ao mesmo tempo, uma sensação de paz, de calma, que é ainda maior à tarde, com o sol batendo nas grades, nos muros, nas paredes.
Já devo ter sonhado umas duas vezes com esse lugar. Inexplicável.
Por fim, o ônibus avança, entra em uma área meio mórbida da Barata Ribeiro, onde parece que é sempre noite, há pouca luz e quase não vejo gente circulando. Aqui tem uma loja das Casas Fernandes que me lembra um comercial da própria loja, que via quando era pequeno, com meu pai, e que era engraçado (o comercial, não meu pai).
Mas não tenho a menor ideia sobre o que era.
Está acabando, a área fascinante vai chegando ao fim. O ônibus vira à direita na Praça Cardeal Arcoverde e entra na Rua Tonelero. Os prédios já são mais modernos. Essa área já é mais histórica...foi aqui, na Rua Otaviano Hudson, que nasceu a Bossa Nova.
As luzes já são mais intensas, e depois de passar por um colégio e por um restaurante, cruzamos a Rua Marechal Mascarenhas de Morais.
E aqui termina a "entrada" de Copacabana...
"Entrada", assim mesmo, entre aspas, porque é entrada para mim. É por onde eu entro em Copacabana vindo de Botafogo, no trajeto de todos os dias entre trabalho e casa.
Mas, esquecendo os detalhes, há algo de fascinante. Algo que não sei explicar muito bem o que é. Então, melhor nem tentar.
Diria que o trecho entre o Túnel Novo e a Praça Cardeal Arcoverde - a própria praça e mais um trechinho - tem algo de especial.
Tudo começa com o Túnel Novo, ou Túnel Coelho Cintra. Em um dia claro e de sol, o fascínio começa pela luz amarela do sol batendo nas paredes do túnel (na parte que ela chega...), mas, principalmente, do outro lado, formando uma imagem meio branca, meio amarela, meio enevoada, entre prédios, asfalto, carros, rua, a praia lá longe...
Num dia de chuva forte, é claro, não dá para ver nada. Já à noite, o fascínio é quase infantil, quase tolo, quando os olhos se perdem pelas luzinhas do teto do túnel, que parecem correr em alta velocidade pelo lado de fora do ônibus. E do outro lado, brilham as luzes da noite, as primeiras luzes de Copacabana, o sinal do meio do caminho.
Depois que o ônibus atravessa o túnel, chega a Copacabana. Chega em um pedaço pouco circulável, onde quase não vejo gente andando a pé. Praça Demétrio Ribeiro. Tenho uma curiosidade danada de andar a pé aqui, mesmo sabendo que não tem absolutamente nada demais.
E toda vez encaro a estátua do tal do Demétrio, que não sei quem é (político e educador gaúcho, diz a Wikipedia), mas que está sempre em pose de reverência, curvado, como que saudando quem chega.
Então, passamos pela Rua Prado Júnior e entramos na área dos bares. São três ou quatro, um atrás do outro, ali, antes da Rua Belford Roxo, na Barata Ribeiro. Aqui já há gente circulando. É quase como se fosse um oásis no meio do deserto.
Essa é a área mais fascinante, junto com o túnel. Os prédios antigos, o jeitão apressado de um bairro calmo, gente andando nas ruas, movimento, e ao mesmo tempo, uma sensação de paz, de calma, que é ainda maior à tarde, com o sol batendo nas grades, nos muros, nas paredes.
Já devo ter sonhado umas duas vezes com esse lugar. Inexplicável.
Por fim, o ônibus avança, entra em uma área meio mórbida da Barata Ribeiro, onde parece que é sempre noite, há pouca luz e quase não vejo gente circulando. Aqui tem uma loja das Casas Fernandes que me lembra um comercial da própria loja, que via quando era pequeno, com meu pai, e que era engraçado (o comercial, não meu pai).
Mas não tenho a menor ideia sobre o que era.
Está acabando, a área fascinante vai chegando ao fim. O ônibus vira à direita na Praça Cardeal Arcoverde e entra na Rua Tonelero. Os prédios já são mais modernos. Essa área já é mais histórica...foi aqui, na Rua Otaviano Hudson, que nasceu a Bossa Nova.
As luzes já são mais intensas, e depois de passar por um colégio e por um restaurante, cruzamos a Rua Marechal Mascarenhas de Morais.
E aqui termina a "entrada" de Copacabana...
"A mesa e a janela" ou "Devaneios"
Há quanto tempo sentei nessa mesa, junto da janela, pela última vez?
Hum...pensando bem...lá se vão...três anos e meio.
Cheguei há quatro. No início, era comum sentar aqui. O tempo sobrava, a rotina permitia, havia espaço, tempo, vontade.
Engraçado. Quando lembro do tempo em que ficava nessa mesa, tenho a impressão que o relógio seguia devagar, lento, os ponteiros demoravam a girar, as semanas se arrastavam, os meses não acabavam.
De repente, tudo mudou.
Os ponteiros começaram a voar, o tempo ficou curto, as responsabilidades aumentaram. Corria de um lado para outro, passava o dia inteiro ocupado, raros eram os momentos de tempo.
Não dava tempo nem de sentar aqui. Mal conseguia comer...
Depois, tudo mudou de novo. Mas meu ritmo já era veloz, rápido, frenético, e nunca mais me sentei aqui.
Hoje achei tempo.
Engraçado. Essa caixa de metal esteve sempre nesse mesmo lugar, lá fora, no parapeito da janela? Que coisa. Tinha a sensação que dava para ver mais a rua, as pessoas passando, essa casa velha - porém conservada - no meio dos prédios, o sinal de trânsito lá longe.
Esse sinal, também. Ele não era mais perto? E não era mais escuro? Teria sido pintado de branco nesse meio-tempo? E quem mais se ligaria em tantos detalhes?
Mas algo não mudou - esse quadro na parede, alguns palmos acima da cabeça, em frente ao local onde estou sentado. Sim, tenho certeza que é o mesmo quadro, o mesmo desenho.
A sensação, bem, essa também mudou. Antes havia uma ansiedade, uma expectativa, uma vontade de crescer, uma fé no futuro capaz de motivar qualquer um.
Pena que ainda não inventaram viagens a Netuno. Deve ser divertido. Ao menos, lá, as frustrações são outras.
Ou não, quem sabe. No planeta Plutão tem inflação?
Belo título de um livro infantil - e é, mesmo. Me lembro como se fosse hoje. Não, naquele tempo eu ainda não ficava nessa mesa. Na verdade, estava há alguns quilômetros de distância.
E penso no texto, e ele também mudou. Revela demais. Deixa de ser sobre uma mesa e passam a ser devaneios sobre outras coisas.
Mas aquilo que se tenta ocultar é o que mais aparece.
E que dia lindo está fazendo hoje. Sim, se não me engano, também fazia um dia lindo da última vez que estive aqui. Pronto, achei um elo de ligação.
Ou um outro texto...
Hum...pensando bem...lá se vão...três anos e meio.
Cheguei há quatro. No início, era comum sentar aqui. O tempo sobrava, a rotina permitia, havia espaço, tempo, vontade.
Engraçado. Quando lembro do tempo em que ficava nessa mesa, tenho a impressão que o relógio seguia devagar, lento, os ponteiros demoravam a girar, as semanas se arrastavam, os meses não acabavam.
De repente, tudo mudou.
Os ponteiros começaram a voar, o tempo ficou curto, as responsabilidades aumentaram. Corria de um lado para outro, passava o dia inteiro ocupado, raros eram os momentos de tempo.
Não dava tempo nem de sentar aqui. Mal conseguia comer...
Depois, tudo mudou de novo. Mas meu ritmo já era veloz, rápido, frenético, e nunca mais me sentei aqui.
Hoje achei tempo.
Engraçado. Essa caixa de metal esteve sempre nesse mesmo lugar, lá fora, no parapeito da janela? Que coisa. Tinha a sensação que dava para ver mais a rua, as pessoas passando, essa casa velha - porém conservada - no meio dos prédios, o sinal de trânsito lá longe.
Esse sinal, também. Ele não era mais perto? E não era mais escuro? Teria sido pintado de branco nesse meio-tempo? E quem mais se ligaria em tantos detalhes?
Mas algo não mudou - esse quadro na parede, alguns palmos acima da cabeça, em frente ao local onde estou sentado. Sim, tenho certeza que é o mesmo quadro, o mesmo desenho.
A sensação, bem, essa também mudou. Antes havia uma ansiedade, uma expectativa, uma vontade de crescer, uma fé no futuro capaz de motivar qualquer um.
Pena que ainda não inventaram viagens a Netuno. Deve ser divertido. Ao menos, lá, as frustrações são outras.
Ou não, quem sabe. No planeta Plutão tem inflação?
Belo título de um livro infantil - e é, mesmo. Me lembro como se fosse hoje. Não, naquele tempo eu ainda não ficava nessa mesa. Na verdade, estava há alguns quilômetros de distância.
E penso no texto, e ele também mudou. Revela demais. Deixa de ser sobre uma mesa e passam a ser devaneios sobre outras coisas.
Mas aquilo que se tenta ocultar é o que mais aparece.
E que dia lindo está fazendo hoje. Sim, se não me engano, também fazia um dia lindo da última vez que estive aqui. Pronto, achei um elo de ligação.
Ou um outro texto...
O sonhador e o fim
Ligou o estabilizador, a torre, a tela. Lentamente, as luzinhas do computador se acenderam, iniciando o programa.
Com tudo carregado, ele clicou no ícone da internet, digitou seu endereço de e-mail e esperou pela resposta do servidor.
Digitou nome, senha e entrou no e-mail.
Lá estava a mensagem. Enfim, um sinal de vida. Clicou uma vez.
Leu.
Não acreditou.
Leu de novo.
O golpe parecia doer mais do que ele queria admitir. Continuava sem acreditar. Como ela tinha coragem?
Leu uma terceira vez.
Continuava meio sem acreditar. Como num instinto, fechou o e-mail no “x” no alto da tela, encerrando o programa todo.
Levantou da cadeira ainda meio tonto, sem saber muito bem o que fazer. Tentou andar pelo quarto, mas num instante, tudo parecia girar, como se estivesse fora do lugar.
Voltou à cadeira, abriu de novo o e-mail, leu a mensagem uma quarta vez.
Irritado, deu um soco na mesa, fechei o e-mail de novo. Ficou de pé. Não conseguiu e sentou.
Aos poucos, o olhar foi se perdendo, como se ele olhasse para ontem. No lugar ao lado do computador, onde estava o ar-condicionado, pareceu se formar uma pequena tela. Ali passaram imagens dos dois, dos bons momentos, dos maus momentos.
Dos momentos estranhos, também. Da forma como ele pensava a situação. Do tempo que passou refletindo sobre o assunto. Dos dias que deixou de sair para imaginar como seriam as coisas...
Queria chorar, mas ao mesmo tempo, não queria. Achava que não valia a pena. Mas, ao mesmo tempo, tinha certeza de que valia.
Era o fim, é claro. Agora era tarde – e não só porque passava da meia-noite. Muito tarde, aliás.
Ele jamais poderia esperar algo assim depois de um dia tão bom, de tudo o que havia acontecido. Pensava em culpar sua sorte, mas sabia que, por ser quem era, jamais poderia fazer isso.
Como que acordando do transe, ficou de pé. Aos poucos, o quarto voltou ao foco, as coisas já não giravam mais.
O olho bateu na janela, e lá fora, no dia lindo que fazia.
Calçou o sapato e saiu para dar uma volta.
Com tudo carregado, ele clicou no ícone da internet, digitou seu endereço de e-mail e esperou pela resposta do servidor.
Digitou nome, senha e entrou no e-mail.
Lá estava a mensagem. Enfim, um sinal de vida. Clicou uma vez.
Leu.
Não acreditou.
Leu de novo.
O golpe parecia doer mais do que ele queria admitir. Continuava sem acreditar. Como ela tinha coragem?
Leu uma terceira vez.
Continuava meio sem acreditar. Como num instinto, fechou o e-mail no “x” no alto da tela, encerrando o programa todo.
Levantou da cadeira ainda meio tonto, sem saber muito bem o que fazer. Tentou andar pelo quarto, mas num instante, tudo parecia girar, como se estivesse fora do lugar.
Voltou à cadeira, abriu de novo o e-mail, leu a mensagem uma quarta vez.
Irritado, deu um soco na mesa, fechei o e-mail de novo. Ficou de pé. Não conseguiu e sentou.
Aos poucos, o olhar foi se perdendo, como se ele olhasse para ontem. No lugar ao lado do computador, onde estava o ar-condicionado, pareceu se formar uma pequena tela. Ali passaram imagens dos dois, dos bons momentos, dos maus momentos.
Dos momentos estranhos, também. Da forma como ele pensava a situação. Do tempo que passou refletindo sobre o assunto. Dos dias que deixou de sair para imaginar como seriam as coisas...
Queria chorar, mas ao mesmo tempo, não queria. Achava que não valia a pena. Mas, ao mesmo tempo, tinha certeza de que valia.
Era o fim, é claro. Agora era tarde – e não só porque passava da meia-noite. Muito tarde, aliás.
Ele jamais poderia esperar algo assim depois de um dia tão bom, de tudo o que havia acontecido. Pensava em culpar sua sorte, mas sabia que, por ser quem era, jamais poderia fazer isso.
Como que acordando do transe, ficou de pé. Aos poucos, o quarto voltou ao foco, as coisas já não giravam mais.
O olho bateu na janela, e lá fora, no dia lindo que fazia.
Calçou o sapato e saiu para dar uma volta.
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