Thursday, June 05, 2008

Cai a noite

Mais uma crônica. Poderia ser mais uma. Poderia ser a próxima. Poderia ser a última.

De pé em frente à janela, os olhos no infinito lá embaixo, uma garafa d´água na mão. São mais ou menos seis horas. À minha esquerda, há apenas o som distante de gente trabalhando. A luz do sol começa a desaparecer devagar, aos poucos, dando lugar ao brilho das luzes da cidade. A noite. Como gosto da noite. Mas como me soa triste agora.

Bebo um gole. A rua parece cheia, lotada, com gente apressada, bem e mal vestida, indo para um lado e para o outro. Carros passam em alta velocidade. Bares começam a acender as primeiras luzes. Um homem vem caminhando com um jornal embaixo do braço, encontra outro em uma porta de garagem. Se cumprimentam, começam a conversar. Mas nada chama mais a atenção do que o vasto infinito, onde o céu parece terminar lá longe, e de verdade, só vejo isso: além.

O agora parece a mesma rua lá embaixo, só que vazia, sem gente, sem carros, sem os dois homens se cumprimentando, com os bares todos fechados. Como se a noite já fosse a mais alta madrugada. Como se a noite já tivesse ido...além.

Há muita coisa em volta, e mesmo que perceba tudo, não vejo. O olhar é sempre para o infinito...mas não deveria ser...o olhar é sempre infinito? Escrevi errado, de propósito ou errado de propósito? O que erra? É meu olhar, minha sensação ou o texto?

Enquanto penso, a vida lá fora continua correndo correndo correndo. E meu chefe acabou de passar e perceber essas maquinações. E meu olhar parece continuar fixo no mesmo ponto: ali, logo ali, onde o céu parece terminar.

A noite caiu de vez, e agora já vejo umas poucas estrelas brilhando no céu. No além...no infinito.

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