“Chuva / Só peço que caia devagar / Molhe esse povo de alegria / Para nunca mais chorar...”
Não sei se a música é assim. Também não sei quem canta, qual é o nome, o resto da letra, enfim. Mas essa parte é muito bonita.
A chuva tem duas versões: pode ser anunciada ou vir de repente.
A chuva anunciada é aquela em que a gente olha pro céu e vê as nuvens se juntando, escurecendo aos poucos, enquanto um vento frio começa a soprar. Dali a pouco começam a cair as primeiras gotas, geralmente muito finas; em alguns minutos, se tornam mais grossas e chove definitivamente.
A chuva de repente não tem necessariamente as nuvens escuras. De uma hora para outra começa a chover forte; os pingos caem do céu e batem com força no chão, fazendo aquele barulho que chama a nossa atenção. Todo mundo corre pra fechar as janelas, dizendo frases como “olha a chuva”, “tá chovendo”, “ih”, enfim.
“Chove chuva / Chove sem parar...”
Jorge Benjor
A chuva parece ser o choro das pessoas, parece ser a tristeza material que habita os corações e mentes, parece prever grandes tragédias ou mesmo perdas. Naquele domingo de 1998 em que o Brasil perdeu a final da Copa do Mundo para a França, caiu um temporal. Eu disse à minha mãe que era para lavar a alma do brasileiro; não sabia se por tristeza ou felicidade, e fui descobrir isso mais tarde. Nas outras duas finais em que vi a seleção ser campeã – 1994 e 2002 – os dias foram ensolarados, daqueles de céu azul e nuvens brancas no céu.
A chuva lava não só a alma, ela também lava as ruas, as calçadas, causa algumas enchentes, molha o rosto da gente, nos faz sair encasacados. Torna poéticos alguns dias que nada teriam de especial; muitas vezes, traz consigo um friozinho gostoso, daqueles ventos gelados que fazem a gente pegar um cobertor e desistir de sair de casa, preferindo ficar e ver um filme, ler, e...bem...outras coisas que se faz em casa num dia frio e de chuva, principalmente quando se está acompanhado.
As gotas de água que caem do céu podem nos fazer lembrar de alguém, de um fato, um acontecimento, podem nos trazer tristezas e alegrias. Não tem nada melhor do que ir para a janela e espiar a chuva caindo, nem que seja um pouquinho. Se for de dia, melhor ainda: dá pra notar o céu “plúmbeo” (= cor de chumbo ou simplesmente “cinza”), como diria o poeta Manuel Bandeira.
A chuva pode ser tudo isso ou pode não ser nada, dependendo do ponto de vista de quem olha. Minha avó, por exemplo, não vê nada disso na chuva. Acho que para ela a única vantagem é que molha as plantas e evita que estas morram de sede, e olhe lá.
Uma chuvinha para “molhar o povo de alegria” e “não deixar que ninguém chore mais” não ia nada mal. No momento atual que estamos vivendo, bem que precisamos...
Eh, chuva!
No comments:
Post a Comment