Abro os olhos devagar.
Olho; no alto, o céu; ao meu redor, as paredes cor cinza-metálico, com inscrições estranhas em alguma língua mais esquisita ainda.
Por toda a parte, só o que eu vejo são portas. Abro umas e outras, encontrando diversos tipos de salas e quartos. Alguns são desertos, outros têm objetos demais, outros estão impecáveis. Alguns estão perfeitamente organizados, enquanto outros são a pura imagem da desordem, e outros ainda são caóticos – habitados por uma série de ordens superpostas, ou seja, uma bagunça onde é possível não ficar perdido.
Abro e fecho portas, sem encontrar. Algumas portas estão trancadas; outras, emperradas. Há buracos nas paredes, e sempre existe a opção de passar ou não por eles. Passo por alguns, evito outros.
Pelo local, só se vêem os corredores vazios, o som da minha própria voz ecoando. Não parece haver ninguém em um raio de centenas de quilômetros.
A procura dura segundos, minutos, horas, dias, noites, semanas, e daí além. Nada. Canso-me de tantas voltas em círculos, de tanta procura desenfreada. Estou cansado; minhas pernas doem. Eu durmo e acordo e estou sempre no mesmo lugar. Tenho a impressão de que estou ficando mais velho, me aproximando (ainda) devagar de chegar ao final da vida, e ainda não achei. Por ora me pergunto se acharei, algum dia. Chegarei eu ao final da minha pobre vida sem que tenha conseguido encontrar?
Onde estou eu mesmo?
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