As luzes sempre me fascinaram. Desde pequeno, desde garoto, tenho paixão por luzes. Desde as lâmpadas das ruas, passando pelas inesquecíveis iluminações de Natal e pelo reflexo das lâmpadas na água da Lagoa e nas paredes dos túneis, até, por fim, as mais belas e fascinantes das luzes, aquelas "luzes da cidade", acesas ao longe, nos prédios, ruas e avenidas, um monte, assim, umas sobre, e do lado, e perto das outras, formando um mosaico brilhante que é suficiente para me deixar em êxtase.
Mas há um espetáculo de luzes que consegue mesmo superar o mosaico luminoso da cidade ao longe: é vê-las mais de longe, do alto, quando o avião começa a descer depois que a noite já caiu. E que me desculpem todas as belas cidades do mundo, mas, nesse ponto, o Rio de Janeiro, com suas curvas e paisagens, é insuperável.
O sinal para isso vem quando o avião dá um pequeno solavanco, indicando que está perdendo altura; então começa a fazer curvas leves, para lá e para cá, à medida que começa a descer. Abrindo a janelinha, é possível perceber a cidade lá embaixo, se aproximando.
O avião então costuma continuar fazendo curvas, descendo mais e mais; agora já é possível observar com mais clareza os primeiros morros, as primeiras avenidas, ruas, e os carros passando lá embaixo; chega a ser divertido brincar, tentando, pelas luzes, pelo formato dos morros e prédios, advinhar por quais locais da cidade estamos passando.
E lá estão elas, belas, brilhantes, completas: luzes por todos os lados, em casas, prédios, avenidas, ruas, carros; formando mosaicos, amontoados, formas distintas, mostrando e identificando cada parte da cidade, cada local, cada bairro, cada edifício, cada favela; e com o avião mais baixo, os mosaicos ficam mais claros, permitindo identificar melhor os locais. Mas saber quais são, ah, ainda é um exercício de advinhação...
Até o momento em que as curvas ficam mais claras, e o avião está tão baixo que só o que se vê é uma determinada parte da cidade; é a sensação clara que estamos descendo. Fim do espetáculo, mas início do retorno à cidade, abençoado, sempre, pelo êxtase luminoso.
Eu realmente adoro luzes.
No comments:
Post a Comment