Nos últimos meses, uma das frases que mais tenho ouvido é "este tempo está doido". No Verão, cai um dilúvio; no Inverno, fica um sol de rachar, dizem muitos.
Concordo, até, mas acho que não são só os fenômenos da natureza que andam loucos, nosso tempo cronológico-psicológico também endoidou. Se não, vejamos...ando por aí e nem parece que é dia 22 de dezembro. Nem parece que o Ano-Novo vem aí, não ouço ninguém falar nisso. E por outro lado, já vejo bandas e blocos de Carnaval caindo na folia, em pleno dia 18 de dezembro!
Nas ruas, poucas casas estão enfeitadas. Por toda parte, parece haver menos árvores de natal, menos animação, menos pessoas felizes. Onde estão as lampadinhas de pisca-pisca que simbolizam essa época? E as estrelas, e os gorros de Papai Noel? Será que o espírito de Natal desapareceu, como muitos profetizavam que aconteceria?
Também não vejo ninguém fazendo planos, resoluções de Ano-Novo, comentando o que esperam para os tempos vindouros. As únicas coisas que tenho ouvido são "este tempo está doido", "como o tempo está passando rápido", "nossa, esse ano voou".
Voou mesmo. Minha mãe tem a teoria de que o tempo anda passando tão rápido que perdemos a noção do mesmo. Assim, o Natal entra pelo Ano-Novo, que entra pelo Carnaval, e Páscoa, e Dia da Criança, e daqui a pouco tudo vai passar tão rápido que teremos uma data comemorativa a cada dois dias.
Não duvido, não duvido. Hoje mesmo me dei conta "putz, já é 22 de dezembro, daqui a dois dias é Natal". Nem parece que passou assim, tão rápido. Me lembro de estar, "ontem", na praia de Copacabana, brindando a chegada de 2008.
Levei sete minutos pra escrever esse texto...putz, como passou rápido!
Monday, December 22, 2008
Thursday, December 18, 2008
Era só um aperto de mão...
Outro dia estava no ônibus, indo para o trabalho, quando vi dois amigos que se encontraram. Na hora de se cumprimentar, ergueram as mãos no ar e bateram com força uma contra a outra, naquele aperto de mão que faz barulho. E fiquei assim, pensando...
'POC' para mim é o melhor som que descreve esse encontro das mãos no ar. É engraçado porque geralmente é usado em tom de informalidade, entre amigos mesmo. Pessoas conhecidas mas nem tanto, ou que ainda estão se conhecendo, ou que simplesmente se cumprimentam, geralmente apenas apertam as mãos sem barulho.
Nunca tinha reparado como é bonito esse aperto de mão 'barulhento', nem quanta coisa ele representa. Uma amizade verdadeira, um encontro de duas pessoas que se gostam, de amigos que não se vêem há tempos. Cumplicidade, amizade, sinceridade, enfim, todos esses sentimentos de que tanto precisamos.
Um gesto bonito, precedido por todo um movimento, erguer a mão no ar, levá-la para a frente com força, até encontrar a outra. Há todo um ritual, toda uma preparação. E o mais bonito é que é quase automático, quase simples...ninguém pensa antes de dar um aperto de mão assim, é espontâneo, natural, leve, desobrigado, sem pressa.
Em meio à tanta poluição sonora, de buzinas, carros, ônibus, ronco de motos, conversas em voz alta, músicas que se misturam, barulhos de rádio e TV, de sapatos tocando o chão, de coisas caindo, o som das mãos se encontrando no ar parece tão puro e simples quanto o ar sem poluição.
'POC' para mim é o melhor som que descreve esse encontro das mãos no ar. É engraçado porque geralmente é usado em tom de informalidade, entre amigos mesmo. Pessoas conhecidas mas nem tanto, ou que ainda estão se conhecendo, ou que simplesmente se cumprimentam, geralmente apenas apertam as mãos sem barulho.
Nunca tinha reparado como é bonito esse aperto de mão 'barulhento', nem quanta coisa ele representa. Uma amizade verdadeira, um encontro de duas pessoas que se gostam, de amigos que não se vêem há tempos. Cumplicidade, amizade, sinceridade, enfim, todos esses sentimentos de que tanto precisamos.
Um gesto bonito, precedido por todo um movimento, erguer a mão no ar, levá-la para a frente com força, até encontrar a outra. Há todo um ritual, toda uma preparação. E o mais bonito é que é quase automático, quase simples...ninguém pensa antes de dar um aperto de mão assim, é espontâneo, natural, leve, desobrigado, sem pressa.
Em meio à tanta poluição sonora, de buzinas, carros, ônibus, ronco de motos, conversas em voz alta, músicas que se misturam, barulhos de rádio e TV, de sapatos tocando o chão, de coisas caindo, o som das mãos se encontrando no ar parece tão puro e simples quanto o ar sem poluição.
A busca
Ando por aí querendo te encontrar / Em cada esquina paro em cada olhar / Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar...
Palavras ao Vento - Marisa Monte
Não sei onde está. Então, um reflexo. Desço as escadas correndo, saindo de casa. De repente pareceu que o enxerguei no prédio ao lado. Estava lá...
Não, não estava, foi só impressão. Foi só um reflexo mesmo. Chateado, decido não voltar para casa. Vou andar um pouco mais por aí, quem sabe não o encontro.
Como diz a letra daquela música, paro em cada esquina, em cada olhar. Mas só vejo impressões, reflexos, idéias. Ele não estava ali, em nenhum lugar. Nos olhos de ninguém - nem daquela menina bonita, nem daquele senhor, nem nos daquela velhinha, nem nos daquele cara engravatado, nem daquela mulher que está indo trabalhar. Não, definitivamente, não achei.
Continuo a busca, andando por aí, ermo, sem rumo nem tempo. Por quanto terei procurado? Não sei, não importa mais. Agora a busca me absorve, me intima, me envolve, me faz correr atrás apenas disso.
As ruas do Leblon parecem pequenas demais. Ipanema é longe demais, talvez ele não esteja por lá. Irei para lá depois. Agora vou procurar aqui...aqui é o lugar dele, nesse bairro, foi aqui que ele cresceu, foi aqui que viveu, se construiu. Tem de estar por aqui, em algum lugar.
Me pergunto como será ele. Sério? Engraçado? Cômico? Bobo? Inteligente? Sereno? Chato? Teimoso? Perfeccionista? Insistente? Esquisito? As dúvidas agora me consomem, e tornam a busca mais frenética, mais intensa, mais difícil, e ao mesmo tempo, mais envolvente.
Da praia ao Clube do Flamengo, da subida da Niemeyer ao Jardim de Alah, da Padaria 686 ao Mc Donald´s da Praça Cazuza, do shopping à Praça Antero de Quental...não há um canto que fique sem vasculhar, não há nada que não seja procurado, nenhum local escapa à vigia atenta e séria, ao olhar de desejo, de busca, de procura, de encontro.
E no fim, volto para casa entre o ar triste e o ar desolado, cabeça baixa, mãos nos bolsos da calça jeans. Às vezes acho que busco a procura, e não a solução. Mas, que importa...no fim, continuo procurando.
Onde estou eu? E afinal, quem sou eu?
Palavras ao Vento - Marisa Monte
Não sei onde está. Então, um reflexo. Desço as escadas correndo, saindo de casa. De repente pareceu que o enxerguei no prédio ao lado. Estava lá...
Não, não estava, foi só impressão. Foi só um reflexo mesmo. Chateado, decido não voltar para casa. Vou andar um pouco mais por aí, quem sabe não o encontro.
Como diz a letra daquela música, paro em cada esquina, em cada olhar. Mas só vejo impressões, reflexos, idéias. Ele não estava ali, em nenhum lugar. Nos olhos de ninguém - nem daquela menina bonita, nem daquele senhor, nem nos daquela velhinha, nem nos daquele cara engravatado, nem daquela mulher que está indo trabalhar. Não, definitivamente, não achei.
Continuo a busca, andando por aí, ermo, sem rumo nem tempo. Por quanto terei procurado? Não sei, não importa mais. Agora a busca me absorve, me intima, me envolve, me faz correr atrás apenas disso.
As ruas do Leblon parecem pequenas demais. Ipanema é longe demais, talvez ele não esteja por lá. Irei para lá depois. Agora vou procurar aqui...aqui é o lugar dele, nesse bairro, foi aqui que ele cresceu, foi aqui que viveu, se construiu. Tem de estar por aqui, em algum lugar.
Me pergunto como será ele. Sério? Engraçado? Cômico? Bobo? Inteligente? Sereno? Chato? Teimoso? Perfeccionista? Insistente? Esquisito? As dúvidas agora me consomem, e tornam a busca mais frenética, mais intensa, mais difícil, e ao mesmo tempo, mais envolvente.
Da praia ao Clube do Flamengo, da subida da Niemeyer ao Jardim de Alah, da Padaria 686 ao Mc Donald´s da Praça Cazuza, do shopping à Praça Antero de Quental...não há um canto que fique sem vasculhar, não há nada que não seja procurado, nenhum local escapa à vigia atenta e séria, ao olhar de desejo, de busca, de procura, de encontro.
E no fim, volto para casa entre o ar triste e o ar desolado, cabeça baixa, mãos nos bolsos da calça jeans. Às vezes acho que busco a procura, e não a solução. Mas, que importa...no fim, continuo procurando.
Onde estou eu? E afinal, quem sou eu?
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