A noite caía sobre a cidade.
No céu, as primeiras estrelas faiscavam, brilhando de maneira simples, porém muito especial. No céu escuro, nenhuma nuvem. Seria uma noite quente, mas não muito, entrecortada por uma brisa muito suave e fresca, que soprava quando se sentia mais calor.
Em casa, em frente à televisão, existia toda uma expectativa. Finalmente a hora estava chegando. Tinha esperado muito por aquilo. A ansiedade era muito grande, e eu mal podia me conter. Estava esperando que começasse logo. Ela hesitava bastante, tinha receio, achava tudo muito arriscado, ainda que fosse bem rápido. Mas eu podia jurar que, de alguma maneira, estava gostando da situação, caso contrário, não teria deixado acontecer.
A hora ia passando; o relógio bateu seis e meia. Era agora ou nunca. Precisava ser naquela noite, o tempo não podia mais esperar. Eu já estava cansado só pela espera. Estava pronto, e poderia gritar isso para o mundo. Estava feliz, e também gostaria de gritar isso pela janela, se pudesse. Gritaria para ela, se pudesse
Ela se levantou do sofá e disse que estava na hora. Perguntou se eu não ia também. A resposta foi imediata...
Não.Eu tinha sete anos e minha avó me deixou sozinho em casa pela primeira vez na vida. Foi comprar pão. Depois desse dia, nunca mais fui com ela. Ficava sempre em casa. Sozinho em casa: eis uma primeira vez interessante. Não a mais interessante de todas, mas...deixa isso pra lá. E você, aí, lendo isso aqui. Quais foram as primeiras vezes que mais te marcaram, e que você daria tudo para repetir? Quais as que você prefere esquecer? Porque tudo tem uma primeira vez na vida, mas nem tudo tem uma segunda, e às vezes, nem precisa ter.
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