Hoje vou contar pra vocês uma outra história.
Ninguém sabe ao certo como tudo começou; conta-se apenas que a menina possuía um pássaro muito grande e muito bonito, que vivia viajando por terras distantes. Sua plumagem era muito especial: mudava de cor de acordo com o lugar por onde ele voava. Depois de cada viagem, o pássaro voltava para casa e passava dias contando à menina histórias dos lugares que tinha visitado. Algum tempo depois, viajava de novo, e por meses a menina ficava na janela, esperando a ave surgir no horizonte, linda, batendo as asas com força, exibindo sua mais nova plumagem.
A cada ano que passava, o pássaro passava mais tempo viajando, e demorava mais pra voltar pra casa. A menina começou a ficar ansiosa e a perder a paciência: queria que a ave ficasse todo o tempo a seu lado, conversando com ela, contando histórias, simplesmente passando o tempo. Resolveu que não ia mais deixar o pássaro viajar!
E então, eis que um belo dia, o pássaro voltou. Fora a viagem mais longa de todas; estava exausto, e prometeu que, assim que acordasse, ia contar à menina todas as histórias. Tinha tantas, que poderia passar uma semana falando sem parar! E adormeceu...
Enquanto ele dormia, a menina cuidadosamente o prendeu numa gaiola e trancou a porta. Pronto. Agora tinha o pássaro todos os dias a seu lado, um companheiro pra sempre, pra vida toda, tudo o que ela sempre quisera.
Mas algo de errado aconteceu em seu plano. O animal não queria mais conversar, recusava a comida, passava o tempo todo de cabeça baixa, num canto da gaiola, chorando baixinho. Preocupada, ela quis saber o que estava havendo...
— Ah, menina — disse o pássaro, soluçando — como você pode fazer isso comigo? Puxa, eu sempre te contei todas as histórias, sempre fui seu grande amigo, e o que você me dá em troca? Uma gaiola? Tira a minha liberdade, me deixa preso aqui, sem poder voar, sem poder viajar? Olha só como estão as minhas penas, veja...
Ela olhou mais de perto. As penas, que antes eram muito coloridas e vistosas, estavam cinza-claro, sem brilho.
— Mas se eu te soltar, você voa, e eu fico sem te ver, sem ter com quem conversar, e você demora tanto a voltar...
— Ah, menina — disse de novo o pássaro — se coloque no meu lugar. Pense que você é o pássaro e eu sou você. Como você se sentiria presa aqui, sem poder voar, nem nada, como se fosse um enfeite?
A menina parou para pensar. Ia detestar se fizessem aquilo com ela, claro.
— É, você tem razão, eu não ia gostar nem um pouco.
— Me diga uma coisa, menina...você não está sentindo falta das histórias que eu trazia de cada viagem? Você gostava tanto...
De novo a menina parou pra pensar.
— Sim...
— Não posso contar histórias preso aqui — disse o pássaro. — Me solta.
A menina hesitou. O pássaro voltou pro canto da gaiola, muito triste.
— Tudo bem — disse ela, abrindo a porta da gaiola.
O pássaro andou para fora, dando umas passadas tontas, e voou, meio desajeitado.
— Tudo bem? — perguntou ela.
— Vou ficar bem — respondeu a ave. — Quem voou uma vez nunca esquece o caminho.
— Me desculpa — disse ela.
— Te desculpo — disse a ave.
— Você volta? — perguntou a menina.
— Não sei — respondeu o pássaro. — Talvez um dia.
O pássaro viajou de novo. Todos os dias, a menina repetia o ritual: ia à janela e ficava esperando que a ave surgisse no horizonte, bela e triunfante, mas um ano e meio se passou e nada do pássaro voltar.
Eis que, um belo dia, a menina olha pela janela e vê um ponto brilhante. O pássaro surge no horizonte, livre, voando como nunca, e veio pousar na janela.
— Você voltou! — disse ela, abraçando-o. — Eu sabia que viria!
E o pássaro continuou assim, voando, contando histórias, mudando de cor; perdoou a menina, ela não fizera por mal. E assim foi, até que ela ficou grande, e ele voou da casa da menina pela última vez...até sumir no horizonte daquela tarde bonita de verão.
Na vida, quem é o pássaro e quem é a menina?
Sunday, February 20, 2005
Saturday, February 05, 2005
Os espertos e o idiota
Acabei de ouvir essa história e queria dividir aqui com vocês.
Vou propor um jogo: leiam atentamente e depois, no final, perguntem a si mesmos quem era o esperto e quem era o idiota.
Em certa cidade, existia um grupo de pessoas que se divertia (me desculpem o termo) sacaneando os outros. Viviam pregando peças em um, em outro, tirando sarro, fazendo brincadeiras de mau gosto, rindo às custas daqueles que eles chamavam de “otários”.
Resolveram, um dia, fazer uma brincadeira com aquele que foi eleito por eles “o otário mor”, o “mais bobo”, o “idiota completo”. Todos os dias eles o chamavam para o bar da cidade e colocavam duas notas de dinheiro na mesa à sua frente: uma de um real, outra de cinqüenta reais, e diziam que ele podia escolher. O “otário” pegava sempre a de um real, o que era motivo de riso e chacota por parte do grupo de “espertos”.
Certa tarde, não se agüentando de tanto rir e não conseguindo entender o porque do “otário” só pegar a nota de um real, um cara do grupo dos “espertos” chegou e disse assim:
— Escuta aqui. A gente todo dia coloca duas notas na tua frente, e você sempre pega a de um real! Assim não tem mais por onde ser burro!
— É, não tem mesmo. Vocês não tem mais por onde ser burros!
— O que?
— Sabe de uma coisa? O otário aqui não sou eu não.
— Como não?! Se você tem sempre duas notas de menor valor e sempre pega a menor?!
— Isso é ser otário? Pra mim, isso é ser esperto.
— Hã?
— Se eu pegar a nota de cinqüenta, a brincadeira acaba. Pegando a de um, estou ganhando um real todo dia, muito mais do que se pegasse a de cinqüenta.
Quem era o esperto e quem era o idiota?
Vou propor um jogo: leiam atentamente e depois, no final, perguntem a si mesmos quem era o esperto e quem era o idiota.
Em certa cidade, existia um grupo de pessoas que se divertia (me desculpem o termo) sacaneando os outros. Viviam pregando peças em um, em outro, tirando sarro, fazendo brincadeiras de mau gosto, rindo às custas daqueles que eles chamavam de “otários”.
Resolveram, um dia, fazer uma brincadeira com aquele que foi eleito por eles “o otário mor”, o “mais bobo”, o “idiota completo”. Todos os dias eles o chamavam para o bar da cidade e colocavam duas notas de dinheiro na mesa à sua frente: uma de um real, outra de cinqüenta reais, e diziam que ele podia escolher. O “otário” pegava sempre a de um real, o que era motivo de riso e chacota por parte do grupo de “espertos”.
Certa tarde, não se agüentando de tanto rir e não conseguindo entender o porque do “otário” só pegar a nota de um real, um cara do grupo dos “espertos” chegou e disse assim:
— Escuta aqui. A gente todo dia coloca duas notas na tua frente, e você sempre pega a de um real! Assim não tem mais por onde ser burro!
— É, não tem mesmo. Vocês não tem mais por onde ser burros!
— O que?
— Sabe de uma coisa? O otário aqui não sou eu não.
— Como não?! Se você tem sempre duas notas de menor valor e sempre pega a menor?!
— Isso é ser otário? Pra mim, isso é ser esperto.
— Hã?
— Se eu pegar a nota de cinqüenta, a brincadeira acaba. Pegando a de um, estou ganhando um real todo dia, muito mais do que se pegasse a de cinqüenta.
Quem era o esperto e quem era o idiota?
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