Uma homenagem a todos os mortos.
Uma homenagem muito especial a Rosali Botelho, que nos deixou no dia 23/10/1995.
“Bem aventurados aqueles que passam pelo tempo em que vivem e destilam a Historia.”
Com essa frase eu começo um novo texto. O anterior ficou uma merda, se me desculpam o termo chulo. Era para ser uma homenagem ao dia de finados, e acabou virando uma coisa bem “querido diário”, um monte de lembranças e reminescências de uma carta.
Uma carta que foi escrita pela minha avó há 15 anos atrás, endereçada a todos os filhos e netos, que só li agora e que pareceu feita sob medida para o dia de hoje (ou ontem, se vocês forem exigentes).
Não sei como era o dia de finados antigamente, não sei quais eram as tradições e o clima, e como as pessoas encaravam.
Hoje, por exemplo, já passei pelas emoções mais diversas: raiva, tristeza, alegria, calma, saudade, medo, esperança. Não pensei nos mortos durante o dia, e aproveitei-o como se fosse um feriado; não olhei a chuva com tristeza, embora ela tenha me molhado todo. Não observei uma atmosfera pálida e triste na cidade. Mesmo porque, não andei por ela.
Sabe, não gosto desse dia dos mortos triste, não. Sendo muito sincero...
A gente sente falta de quem gosta - e quando a pessoa já partiu, essa falta é maior, mas é sempre. Não é para ser lembrada num dia só.
O dia de finados devia ser como no oriente, ou no México, com grandes festivais e comemorações. Meios de lembrar que a vida continua, que os sonhos, esperanças e desejos estão sempre vivos, independente de quem passe por aqui e de quem vá embora. Que a morte de alguém, por mais dolorosa que seja e por mais portas que feche, nos abre outras, nos faz ver a vida de outra forma, e muitas vezes, nos leva por caminhos que nunca pensamos em trilhar.
“Tantas coisas bem vividas e tantas lutas vencidas: de amores, de emoções, de sentimento.”
Minha avó ia gostar de ler esse texto. Ela partiu deixando uma mensagem de alegria e esperança, de olhar para a frente e para o futuro, de reunir as pessoas, celebrar o que há de bom e deixar a tristeza do lado de fora da porta de casa.
Que a morte seja encarada como algo natural, e que a gente se lembre sempre de celebrar a vida. Mesmo porque, se não lembrarmos disso vivos...vamos lembrar quando?
Um bom fim de dia de finados para todo mundo que não dormiu. E para quem dormiu...tomara que, independente de quem tenha partido (a morte existe de várias formas, certo?), você continue sempre a viver.
“E a vida continua: os desejos, os sonhos e esperanças. Eles estao vivos de uma outra forma de vê-los e senti-los.”